segunda-feira, 19 de março de 2012

Mulher salva por um transplante de fezes


     O médico alemão Alexander Khortus diagnosticou, numa paciente, um complicado caso de infecção por Clostridium, uma nociva bactéria que ataca todo o sistema digestivo. Os médicos a trataram com uma variedade de antibióticos, mas nada parou as bactérias. Não havia chance de fazer um transplante de estômago ou intestino, mas Khortus encontrou uma solução criativa.


Bactérias das fezes
     Ela ganhou um novo intestino? Um novo estômago? Não. Ela ganhou novas bactérias. Uma pequena amostra das fezes do seu marido misturada a solução salina foi colocada no seu cólon. A diarréia desapareceu  num dia, bem como a infecção causada pela bactéria.
     O procedimento é conhecido como terapia da bactéria ou transplante fecal e foi realizado poucas vezes ao longo das últimas décadas. Antes do transplante, os médicos viram que a flora intestinal da paciente estava num estado de desespero. As bactérias normais que existem no intestino simplesmente não existiam no dela.
Alexander Khortus
     Duas semanas após o transplante, os cientistas analisaram o seu intestino novamente, e os micróbios do seu marido tinham assumido o espaço. Essa comunidade de micróbios foi capaz de curar a doença da paciente em questão de dias.
     Os cientistas também descobriram que muitas doenças são acompanhadas por mudanças drásticas na composição do nosso ecossistema interior. Pessoas com asma têm um conjunto diferente de micróbios no pulmão do que pessoas saudáveis.
     É por isso que muitos estudiosos estão a esforçar para tentar encontrar a solução. Cientistas estão catalogando milhares de espécies de micróbios, através das sequências de DNA. Outros cientistas estão a fazer experiências para descobrir o que os micróbios realmente fazem – aparentemente, muito bem para nossa saúde. Em última análise, o que os investigadores esperam é aprender o suficiente sobre a microbioma para usá-lo na luta contra as doenças.

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quinta-feira, 15 de março de 2012

Queres melhorar a memória? Esquece!


     Problemas de memória? O melhor a fazer, para poderes te lembrar, é esquecer. Sim; cientistas descobriram que, quanto melhor és em esquecer, melhor és em lembrar.

     Como funciona: para te lembrares de factos que são importantes na tua vida hoje, tens que ser capaz de abrir mão de informação que já não precisas. Por exemplo, se alguém te perguntar quem é o atual Presidente da República Portuguesa, podes te lembrar de Jorge Sampaio. Claro, isto está incorreto. Então tens que arranjar uma maneira de não pensares sobre Jorge Sampaio, para te poderes lembrar de que o presidente atual é Cavaco Silva. Claro, não precisas de te esquecer para sempre dos outros presidentes. O teu cérebro está cheio de informação, e para que tenhas informação importante ao teu alcance, tens que te esquecer de factos que não são imediatamente necessários.

     Numa experiência realizada por investigadores, voluntários receberam uma lista de seis palavras relacionadas: uma lista de seis frutas. Em seguida, os voluntários tiveram que fazer um teste simples em que a categoria foi listada junto com a primeira letra de três itens, seguidos por um espaço em branco a ser preenchido. Por exemplo, categoria “frutas” seguido por um “L” de laranja, ou “M” de maçã. Depois disso, os voluntários fizeram o mesmo teste, mas desta vez com letras iniciais para todos os seis itens. Os voluntários facilmente se lembraram dos três itens que estavam no outro teste. Os outros três foram muito mais difíceis de lembrar. As lembranças desses itens tinham sido “perdidas”.

     Os investigadores afirmaram que algumas pessoas são melhores em “esquecer para lembrar” do que outras. Essas pessoas tendem a ser melhores em resolução de problemas, o que tem a ver com a maneira como seus cérebros organizam a informação, que as ajuda a pensar.

E tu? És melhor em lembrar, ou esquecer?



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terça-feira, 13 de março de 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

Biotecnologia aplicada à saúde

     A biotecnologia consiste na manipulação de organismos, células ou moléculas biológicas que possam ter aplicações específicas. Pode ser aplicada à agricultura, produção de alimentos, áreas da saúde... Um bom exemplo de biotecnologia aplicada à agricultura pode ser os transgénicos, o qual o nosso blog se debruçou num post anterior.
     No caso das aplicações ligadas à saúde, a biotecnologia refere-se a diagnósticos e terapêutica de doenças, amplificando e dirigindo a resposta imunitária através da imunoterapia.
     A imunoterapia recorre à capacidade natural do nosso organismo para combater as doenças, através da produção de anticorpos, proteínas que reconhecem especificamente determinado antigénio (ou determinante antigénico). Essa produção é feita in vitro, por indução da proliferação clonal de linfócitos B ativados por um determinado antigénio. Os anticorpos produzidos intervêm, assim, na imobilização dos antigénios responsáveis pela sua produção.
     Esta tecnologia pode, então, ser aplicada a inúmeras situações, como, por exemplo, testes de gravidez, diagnóstico e tratamento de doenças, preparação de soros, tratamentos de cancros, antídotos para venenos..., tendo por base apenas o facto de os anticorpos produzidos em laboratório e administrados ao indivíduo reconhecerem e "marcarem" ou "imobilizarem" o antigénio em questão.
     Como qualquer tratamento, a imunoterapia tem efeitos secundários, mas raramente se tornam em complicações graves.


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quinta-feira, 8 de março de 2012

Resultados da sondagem #7

Quais as células humanas que morrem por último quando falecemos?


1ª - Células somatotróficas.
  1 (7%)
 

2ª - Neurónios.
  5 (35%)
 

3ª - Células enterocromafins.
  3 (21%)
 

4ª - Células epiteliais da córnea.
  5 (35%)
 

Com a maioria dos votos (35% cada) estão a 2ª e 4ª opções, seguidas da 3ª e 1ª.


Mas afinal quais são as células humanas que morrem por último quando falecemos?

A resposta correcta é a 4ª opção.
Quando falecemos, as células deixam de receber oxigénio, ficando incapacitadas de realizar o seu metabolismo, e mais cedo ou mais tarde, morrem (finda o período de vida útil das mesmas). As primeiras células a morrer são os neurónios (até 8 minutos após a morte cardíaca), daí a necessidade de uma rápida reanimação das funções vitais para se evitar morte cerebral. As últimas células a morrer são mesmo as células epiteliais da córnea, cuja função é revestir esta zona.

Obrigado a todos os leitores "Do ADN à Vida" pelo contributo na sondagem.

A próxima sondagem virá a seguir às férias da Páscoa. Até lá, bom fim de aulas e boas férias!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Será que é desta a vacina para a SIDA?

           Cuba prepara-se para iniciar, este ano, estudos clínicos com o objectivo de testar em humanos uma vacina terapêutica contra o vírus VIH (vírus da imunodeficiência humana), causador da SIDA. A notícia foi avançada esta terça-feira pela Reuters, que cita uma das investigadoras envolvidas no projecto.

O desenvolvimento da vacina, denominada Teravac-HIV-1, é da responsabilidade do Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia (CIGB) do país e o fármaco deverá ser testado durante 2012 em cerca de 30 cubanos seropositivos, de acordo com a directora de estudos clínicos da instituição estatal, Verena Muzio.

Segundo a responsável, os pacientes envolvidos no estudo são, portanto, portadores do vírus que ainda não desenvolveram os sintomas da SIDA. "Há muitos investigadores do mundo inteiro que tentam obter vacinas deste tipo e, até agora, não se chegou realmente a nenhuma com resultados satisfatórios", salientou Muzio. 

A equipa alerta, deste modo, para a necessidade de evitar um excesso de expectativas em relação à vacina, uma vez que os estudos estão apenas numa primeira fase a poderão ser precisos vários anos até que os seus benefícios sejam comprovados. No entanto, a cientista confessou que o grupo tem esperança de que "funcione", embora falte "muito tempo para poder demonstrar a sua eficácia como produto".

O sector da biotecnologia tem um peso importante na frágil economia cubana, sendo uma fonte de divisas muito significativa. O país vende 38 medicamentos a cerca de 40 países do mundo, por um valor que superou 350 milhões de dólares em 2008. Entre os produtos oferecidos estão vacinas contra a meningite B e C, a leptospirose e a febre tifóide. 

Actualmente estão em testes clínicos em Cuba outras terapêuticas, nomeadamente vacinas contra o cancro do colo do útero, o cancro da próstata e do ovário, estando também a ser testada em animais uma possível vacina contra a dengue. Nos próximos cinco anos, o CIGB pretende ampliar as receitas com exportações para cerca de 500 milhões de dólares anuais.

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segunda-feira, 5 de março de 2012

A chave para o nosso "relógio biológico" está no cabelo

     Ajustar o seu relógio interno pode ser tão fácil quanto arrancar um fio de cabelo!

    Uma pesquisa recente descobriu que os folículos capilares mantêm o registo da atividade de um gene que influencia a hora de acordar e quando vamos dormir. Os resultados poderiam ser usados para diagnosticar e estudar os distúrbios do sono e problemas como o jet lag – distúrbio do sono relacionado com a mudança brusca de fuso horário. 
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     O nosso ciclo de dormir e acordar é controlado em grande parte por genes chamados genes do relógio. Esses genes variam a sua atividade ao longo do dia e são responsáveis pelo acerto do chamado relógio interno.
     Makoto Akashi, um investigador na Universidade de Yamaguchi, no Japão, e os seus colegas usaram a cabeça e voltaram-se para o cabelo. Na base de cada fio de cabelo há um folículo de células vivas, que se agarra ao cabelo quando puxado. Através desses folículos, os investigadores foram capazes de isolar e controlar a atividade de três genes do tal relógio. Observar os fios de barba é ainda mais eficiente.
     Ao arrancar os cabelos de quatro pessoas nas suas rotinas diárias, os investigadores descobriram que a maior atividade dos genes coincide com o momento de maior atividade do dia. No entanto, quando as pessoas mudam os seus horários em quatro horas, durante três semanas, a atividade de pico dos genes foi deslocada apenas duas horas, o que sugere uma reação semelhante ao jet lag. Ou seja, mesmo que a pessoas se esforce para se manter ativa fora do horário ao qual ela está acostumada, o relógio do seu corpo não acompanha inteiramente a mudança.
     Os investigadores ainda estudaram seis trabalhadores cujos experientes se alternam drasticamante: das 6h às 15h em uma semana e das 15h à meia noite na outra. Eles descobriram que, apesar do pico de atividade dos investigados se terem deslocado nove horas de uma semana para outra, a expressão genética só avançou duas horas. Ou seja, pessoas cujos empregos exigem uma flexibilidade de horário muito grande vivem num estado permanente de jet lag. Por isso, eles possuem maior risco de ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral, finalizam os investigadores.


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quinta-feira, 1 de março de 2012

Vacina pode ajudar pessoas a largarem vício da cocaína

     Segundo uma nova pesquisa, uma vacina eficaz contra os sintomas causados pela cocaína em ratos também pode ser útil no tratamento do vício em humanos.


  • COMO ESTA VACINA FOI PREPARADA?
     A vacina combina um segmento do vírus do resfriado comum com uma molécula semelhante à cocaína. Ela funciona activando o sistema imunológico do organismo contra a cocaína, impedindo que a droga chegue ao cérebro.
     A vacina provocou uma forte reacção imunológica nos ratos: anticorpos “anti-cocaína”, ou pequenas proteínas imunológicas, fizeram dos invasores seu alvo. A cocaína não costuma provocar uma resposta imune, mas quando associada às partes do vírus do resfriado, o sistema imunológico foi atrás da droga. Quando isolaram os anticorpos dos ratos no laboratório, os investigadores perceberam que eles neutralizaram a cocaína.
     Em seguida, os investigadores deram cocaína aos ratos vacinados. Apesar da exposição à droga, os animais não ficaram “maluquinhos”, ou seja, não apresentaram nenhum dos sintomas que a droga causa, um efeito que durou pelo menos 13 semanas.


  • QUAIS OS SEUS BENEFÍCIOS?
     Segundo os investigadores, esta é a primeira vez que se desenvolveu uma “solução” anti-drogas que não exige várias infusões caras, e que pode passar rapidamente para testes em humanos.
     A abordagem poderia ser muito promissora na luta contra o vício em humanos. Actualmente, não existe nenhuma vacina aprovada para qualquer dependência de drogas. Porém, a nova vacina ainda terá que passar por extensos testes para se certificar de que é segura e eficaz antes de receber aprovação para ser comercializada.
     Os investigadores acreditam que ela funcionará melhor em dependentes que estão a tentar parar de usar cocaína. A vacina pode ajudá-los a largar o vício, porque mesmo se eles usarem cocaína, uma resposta imune irá destruir a droga antes que ela atinja o centro de prazer do cérebro.


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